17 de agosto de 2012

Amem...





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Você tem de tornar seu amor mais como uma oração, você tem de tornar seu sexo mais amoroso. Pouco a pouco, o sexo tem de ser transformado numa atividade sagrada. Ele tem de ser elevado. Em vez de o sexo puxá-lo para baixo, para o lodo da humanidade, você pode puxar o sexo para cima.
A mesma energia que o puxa para baixo pode puxá-lo para cima, e a mesma energia pode dar-lhe asas. Ela tem um tremendo poder. Certamente, é a coisa mais poderosa do mundo, porque toda a vida surge dela. Se ela pode dar nascimento a uma criança, a uma nova vida, se ela pode trazer uma nova vida para a existência, você bem pode imaginar o seu potencial: ela pode lhe trazer uma nova vida também. Assim como ela pode trazer uma nova criança para o mundo, ela pode dar-lhe um novo nascimento.
E é isso que Jesus quer dizer quando assim fala a Nicodemus: “A menos que você nasça novamente, você não poderá entrar no meu reino de Deus” — a menos que você renasça, a menos que você seja capaz de dar nascimento a si mesmo, uma nova visão, uma nova qualidade para suas energias, uma nova afinação para seu instrumento. Seu instrumento contém grande música, mas você precisa aprender a tocá-lo.
O sexo tem que se tornar uma grande arte meditativa. Essa é a contribuição do tantra para o mundo. A contribuição do tantra é máxima, porque ele lhe dá chaves para transformar o mais baixo no mais alto. Ele lhe dá chaves para transformar a lama em lótus.
Trata-se de uma das maiores ciências que já surgiram, mas por causa dos moralistas e dos puritanos, e das pessoas chamadas de religiosas, não se permitiu que o tantra ajudasse as pessoas. Suas escrituras foram queimadas, milhares de mestres tântricos foram mortos, queimados vivos. Toda a tradição quase inteiramente destruída, pessoas forçadas a se esconder.
Outro dia eu recebi uma carta de saniássins meus, dos Estados Unidos, dizendo que as pessoas de Gurdjieff são tão perseguidas pelo governo que elas decidiram se ocultar. Eles me escreveram: “Estamos achando que, mais cedo ou mais tarde, isso vai acontecer conosco. Devemos começar a nos preparar de modo que, caso venha a acontecer conosco, nós também possamos começar a trabalhar de urna maneira oculta?”
É possível, porque tem sido sempre assim. O trabalho de Gurdjieff também consiste em transformar a energia sexual numa integração interior — a igreja organizada está sempre contra qualquer esforço desse tipo.
Meu trabalho é impedido de todas as maneiras, meu povo é apoquentado de diferentes maneiras. Há alguns dias, o parlamento indiano discutiu, por uma hora, o que deveria ser feito comigo — como se este país não tivesse nenhum outro problema para ser discutido. Tanto medo!
E eu não estou fazendo nenhum mal a ninguém! Eu nem sequer saio para o lado de fora do portão! E, pelo menos, este tanto de liberdade é direito de nascimento de todo mundo. Se alguém quer vir a mim e quer se transformar, não é da alçada de ninguém interferir. Eu não vou até as pessoas. Se as pessoas vêm a mim e querem ser transformadas…
Que tipo de democracia é esta? Mas políticos e sacerdotes estúpidos têm estado sempre em conluio. Eles não querem que as pessoas se transformem, porque uma pessoa transformada deixa de estar sob a dominação deles. Pessoas transformadas tornam-se independentes, livres; pessoas transformadas tornam-se tão alertas e tão inteligentes que podem identificar todos os jogos dos políticos e dos sacerdotes.
Então, elas não são mais seguidoras de ninguém. Elas começam a viver uma vida completamente nova — não a vida da multidão, mas a vida do indivíduo. Elas se tornam leões; deixam de ser ovelhas.
os políticos e os sacerdotes estão interessados em que cada ser humano permaneça uma ovelha. Somente assim eles podem ser pastores, líderes, grandes líderes. Pessoas medíocres e estúpidas fingindo-se de grandes líderes! Mas isso só é possível quando toda a humanidade permanece num grau muito baixo de inteligência, quando ela é mantida reprimida.
Até agora só dois experimentos foram feitos. Um foi a indulgência, que fracassou e que está sendo tentada novamente no Ocidente e vai fracassar novamente, fracassar completamente. O outro foi a renúncia, uma tentativa do Oriente e, também, do cristianismo no Ocidente. Também fracassou, fracassou completamente.
Um novo experimento é necessário, urgentemente necessário. O homem está vivendo num grande torvelinho, numa grande confusão. Aonde ir? O que fazer consigo mesmo? Eu não estou dizendo para renunciar ao sexo; estou dizendo para transformá-lo. Ele não precisa permanecer simplesmente biológico: traga alguma espiritualidade para ele.
Enquanto estiver fazendo amor, medite também. Enquanto estiver fazendo amor, mantenha-se num estado devocional. O amor não deve ser apenas um ato físico;derrame sua alma nele. Então, lenta, lentamente, a dor começa a desaparecer e a energia contida na dor é liberada e torna-se cada vez mais uma bem-aventurança. Então, a agonia é transformada em êxtase.
Você diz: “Eu me apaixonei e sofri demais“. Você é abençoada. As pessoas realmente pobres são aquelas que nunca se apaixonaram e nunca sofreram. Elas, absolutamente, não viveram. Apaixonar-se e sofrer no amor é bom. É passar pelo fogo; purifica, lhe dáinsights, torna-o mais alerta. Esse é o desafio a ser aceito. Aqueles que não aceitam esse desafio permanecem fracos.
Você diz: “Eu me apaixonei e sofri demais. Depois de ouvi-lo, eu me senti sem vontade de deixar o sonho continuar, pois meu caso de amor no final, não conduzirá à satisfação“. Eu não estou dizendo para abandonar seu amor; estou simplesmente expondo um fato: que ele não lhe trará o contentamento definitivo.
Não está em minhas mãos transformar a natureza das coisas. Estou simplesmentedeclarando um fato. Se estivesse em minhas mãos, eu gostaria que você conseguisse o contentamento definitivo no amor. Mas isso não acontece. O que podemos fazer? Dois mais dois são quatro.
É uma lei fundamental da vida que o amor o leve a insatisfações cada vez mais profundas. No final, o amor o leva a tal descontentamento que você começa a ansiar pelo derradeiro amado, Deus, você começa a buscar pelo derradeiro caso de amor.
sânias é um caso de amor derradeiro, é a busca por Deus, a busca pela verdade. Ele só é possível quando você já fracassou muitas vezes, amou e sofreu, e cada sofrimento lhe trouxe cada vez mais e mais consciência, cada vez mais e mais compreensão.
Um dia vem o reconhecimento de que o amor pode lhe dar alguns vislumbres — e esses vislumbres são bons, e esses vislumbres são vislumbres de Deus —, mas ele só pode lhe dar vislumbres. Mais não é possível. Mas isso também já é muito: sem esses vislumbres, você nunca irá procurar nem irá buscar Deus.
Aqueles que não amaram e sofreram nunca se tornaram buscadores de Deus — eles não podem, eles não conseguiram essa riqueza, não se tornaram merecedores dela. É um direito exclusivo do amante, um dia, começar a buscar pelo derradeiro amado.
Ame, e ame mais profundamente. Sofra, e sofra mais profundamente. Ame e sofra totalmente, porque é assim que o ouro impuro passa pelo fogo e se torna ouro puro.
Eu não estou lhe dizendo para fugir dos seus casos de amor. Vá fundo neles. Eu ajudo meus saniássins a entrarem no amor porque eu sei que o amor, no final, fracassa.
E a menos que eles saibam por experiência própria que o amor, no final, fracassa, a busca por Deus permanecerá falsa.
Osho, em “Vida, Amor e Riso”